terça-feira, 4 de maio de 2010

18ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico Ambiental de Nova Friburgo: Encontro dos Rios – Toca da Onça


No dia 21 de abril de 2010 foi realizada a 18ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo (DCTA-NF), realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido, de 12,9 Km de extensão, foi entre o local conhecido como Encontro dos Rios e a localidade de Toca da Onça.

    Mapa 1: Localização do município de Nova Friburgo, RJ.

Mapa 2: trajeto percorrido.

Mapa 3: Cobertura vegetal de Nova Friburgo.


Mapa 4: Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).

Essa foi a última visita técnica realizada na bacia hidrográfica do rio Macaé. A princípio esse trajeto não seria percorrido, pois as localidades de Toca da Onça e Encontro dos Rios já haviam sido diagnosticadas a partir de conexões com outros trajetos em visitas técnicas anteriores. Somado a isso, através da observação do mapa de vegetação acima, imaginou-se que, devido à ausência de vegetação de grande porte na área, não haveria atrativos suficientes que justificassem o trabalho. Ledo engano...

Um dos principais aspectos desse percurso é o formato circular do mesmo, onde seu término praticamente coincide com o início, na localidade do Encontro dos Rios. No entanto, para melhor compreensão, optamos por colocar a localidade de Toca da Onça como destino final pela mesma estar próxima do término e também por ter uma grande relevância do ponto de vista turístico para a região.

O acesso mais utilizado para se chegar à Toca da Onça é a estrada pela qual retornamos no final do percurso para o Encontro dos Rios. Esse trecho possui exatos quatro quilômetros de comprimento. Mas, de acordo com informações obtidas previamente outro acesso à Toca da Onça era possível através de uma estrada que circunda um grande morro próximo e que conecta à trilha que acompanha o rio Macaé até a localidade de Santa Luzia. Segundo informações, essa estrada é utilizada por praticantes da modalidade esportiva conhecida como "corrida de aventura". Inclusive no início da trilha citada há algumas placas que foram instaladas com o objetivo de orientar os esportistas durante os eventos.

Essa estrada percorrida também é conhecida por permitir o acesso ao início de outra estrada, a qual leva à famosa localidade de Aldeia Velha, no município de Silva Jardim, vizinho ao sul de Nova Friburgo.

Logo no início do percurso pode-se ter uma idéia da realidade paisagística da região como um todo, onde observa-se uma intrincada mescla de fragmentos de vegetação nativa de médio e grande portes, pastagens e bananais. Basicamente a ocupação do solo durante todo o trajeto resume-se a isso. Em poucos pontos pode-se observar pequenos plantios de mandioca, inhame e até milho.

A densidade demográfica é bastante baixa. Ao contrário de outras áreas da bacia, foram observados pouquíssimos sítios de veraneio. A atividade imobiliária começa a se intensificar apenas nas proximidades de Toca da Onça. Certamente a precariedade da estrada para o acesso motorizado e a distância dos serviços contribuem para essa realidade.

Quanto à hidrografia, apesar da degradação da vegetação em muitos trechos, muitas nascentes e córregos com águas de excelente qualidade foram observados, alguns até possibilitando o banho, o que torna o percurso bastante atrativo para a visitação. Outra característica importante é o relevo acidentado da região, que proporciona ao mesmo tempo dificuldades na ocupação humana do solo e muitos mirantes para a contemplação da paisagem ainda magnífica do vale do rio Macaé.

Na metade do percurso, mais precisamente no km 6,4 destaca-se uma grande fazenda, na qual há um represamento de um curso d'água que formou um bonito lago artificial. Foi observado também um engenho bastante rudimentar e curioso conhecido como "monjolo". Além disso, a equipe foi agraciada com a presença de vários exemplares de gavião-carijó, uns pousados em árvores próximas, outros sobrevoando a fazenda provavelmente em busca de alguma presa para se alimentarem.

No km 9,2 chega-se ao pequeno aglomerado de casas e terrenos denominado Toca da Onça. Pode-se imaginar o por que do nome... No entanto não vimos nenhum exemplar da suçuarana ou de quaisquer outros felinos silvestres. Mas o belo poço formado em um meandro do rio Bonito, o principal afluente do rio Macaé, é suficiente para valer a pena o esforço de se chegar até ali. Uma pequena praia aliada à água cristalina do rio atrai muitos turistas ao local nos finais de semana ensolarados, sobretudo no verão. Aproveitando-se disso, um comerciante instalou um bar bem próximo do poço, na intenção de explorar o potencial econômico do local. Apesar de ter gramado a beira do rio, onde deveria haver vegetação nativa compondo a mata ciliar que protege o rio de assoreamento (situação idêntica a de um bar perto do Encontro dos Rios), ele parece cuidar da limpeza do local, retirando os resíduos deixados pelos visitantes.

Por fim, retorna-se à estrada principal (já que o acesso à Toca da Onça constitui-se em um apêndice do trajeto principal da vista técnica, ver mapa 1). Daí até o Encontro dos Rios há uma predominância de pastagens na composição da paisagem. Alguns processos erosivos já começam a ser verificados devido à deficiência da vegetação herbácea em proteger o solo da ação mecânica das chuvas, do vento, do pisoteio do gado e mesmo da força da gravidade.

A exploração econômica da região através de práticas pouco rentáveis e ecologicamente deficitárias como a pecuária e as monoculturas baseadas na utilização de herbicidas deve ser desestimulada em favor dos cultivos agroflorestais, que proporcionam enriquecimento nutricional do solo, aumento da biomassa e diversificação econômica para as famílias que vivem da terra. Além do mais, não há mais como ignorar o potencial turístico da região, que, se bem planejado e orientado, pode trazer riquezas e estímulo à proteção da natureza como forma de garantir o seu desenvolvimento equilibrado para o futuro.

Foto 1: rio Macaé visto da Ponte dos Alemães, perto do local onde o rio Bonito deságua no rio citado.

Foto 2: rio Macaé no km 0,9 do percurso.

Foto 3: bar localizado no mesmo km da foto anterior, com construções na margem do rio Macaé, onde deveria haver mata ciliar e, onde, evidentemente, não pode haver nenhum despejo de resíduos no curso d'água.

Foto 4: mirante 1, no km 1,2, com vista na direção do Encontro dos Rios.

Foto 5: mirante 3, no km 2,3, com vista em direção à Santa Luzia.

Foto 6: cachoeira Óculos Perdidos, no km 3,5.

Foto 7: estrada cortando o leito de um pequeno córrego. Ao fundo a esquerda, plantio de mandioca.

Foto 8: paisagem composta por vertentes com altos graus de inclinação cobertas por vegetação nativa nos topos dos morros e capoeiras, pastagens e bananais nas faixas inferiores.

Foto 9: fazenda localizada em um belo planalto no km 6,4. Na área plana observa-se vegetação típica de brejo, ou seja, áreas cujo lençol freático eleva-se à superfície, formando trechos alagados nos quais as plantas adquirem mecanismos fisiológicos e morfologia adaptados para esses habitats.

Foto 10: pequena estrutura que abriga o monjolo citado no texto.

Foto 11: o tempo ensolarado no dia da visita contribuiu para realçar as belas imagens captadas.

Foto 12: lago formado a partir do represamento do córrego que corta a fazenda citada nas fotos anteriores.

Foto 13: outra visão do mesmo lago da foto anterior.

Foto 14: cachoeira no km 6,8.

Foto 15: indivíduos bovinos presentes em uma pastagem próxima à estrada.

Foto 16: vista do mirante 4 no km 7,5.

Foto 17: ao fundo na paisagem, em direção à parte mais alta da bacia do rio Macaé, observa-se morros e montanhas bastante conservados. Em primeiro plano destacam-se uma pastagem à esquerda, por onde segue a estrada percorrida e um bananal à direita.

Foto 18: ponte na chegada de Toca da Onça.

Foto 19: poço de Toca da Onça, com a areia da prainha em primeiro plano.

Foto 20: outra visão do poço da Toca da Onça.

Foto 21: foto da prainha tirada próximo ao bar do local, em um plano mais alto.

Foto 22: vale onde se localiza Toca da Onça, entre morros de vertentes onduladas e bastante degradadas, com amplo predomínio de pastagens.

Foto 23: pôr-do-sol próximo ao final do percurso, encerrando a visita técnica.

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